Foi em um dia chuvoso e colorido que nossos olhares se
encontraram entre muitos outros vestidos de alegria festiva e passageira e
embalada pelo som ilusório das promessas sempre esperadas, mas nunca cumpridas.
Nos guiamos em
passos desritmados, os sentidos perdidos em meio à batida ensurdecedora de
origem indefinível, embora possível provir do sangue bombeando velozmente pelas
veias tanto quanto da algazarra exterior.
As cores
misturando-se e nos envolvendo, difusas, confusas, como se quisessem
dissuadir-nos da loucura do se entregar ao desconhecido. Como se quisessem
abrir-nos os olhos aos males irreversíveis do amor. Em vão. Nossas almas se
entrelaçaram no momento em que nossos corações percorreram o caminho traçado
por olhares interrompidos e buscados.
Um roce eletrizante,
exteriorizando o não dito, valendo mais que palavras desgastadas e corrompidas.
Imperceptível para aqueles que passam pela vida depressa, sem se apegar a
pequenas existências, mas intenso e significativo aos dedicados em capturar
vestígios de emoções fugidas por sob máscaras e sorrisos perfeitos demais,
irreais demais.
A dança contínua
da chuva lavando conceitos pré-definidos, tornando-nos ao barro, misturando
naturezas e fazendo-as erráticas ante a realidade perturbadora da escuridão de
cada amanhecer pintado de sol.
Nos vemos e nos
vamos. Sem palavras, sem adeus, como os dois estranhos que somos intricados
demais em nossas próprias canções, tendo nossos destinos ditados pelo vento.
Nosso lugar não é aqui. Somos ciganos, vivemos para o mundo, não para nós
mesmos, nem para os outros. Outro dia quem sabe, nos encontremos em uma nova
dança. Mas o futuro é sombrio e nossas resoluções incertas, mudando como as
estações e sendo acrescidas de novos e velhos ideais o tempo todo. Fiquemos com
a lembrança de olhares e toques e sensações.
- Débs
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