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terça-feira, 21 de agosto de 2012

Carnival.


Foi em um dia chuvoso e colorido que nossos olhares se  encontraram entre muitos outros vestidos de alegria festiva e passageira e embalada pelo som ilusório das promessas sempre esperadas, mas nunca cumpridas.

Nos guiamos em passos desritmados, os sentidos perdidos em meio à batida ensurdecedora de origem indefinível, embora possível provir do sangue bombeando velozmente pelas veias tanto quanto da algazarra exterior.

As cores misturando-se e nos envolvendo, difusas, confusas, como se quisessem dissuadir-nos da loucura do se entregar ao desconhecido. Como se quisessem abrir-nos os olhos aos males irreversíveis do amor. Em vão. Nossas almas se entrelaçaram no momento em que nossos corações percorreram o caminho traçado por olhares interrompidos e buscados.

Um roce eletrizante, exteriorizando o não dito, valendo mais que palavras desgastadas e corrompidas. Imperceptível para aqueles que passam pela vida depressa, sem se apegar a pequenas existências, mas intenso e significativo aos dedicados em capturar vestígios de emoções fugidas por sob máscaras e sorrisos perfeitos demais, irreais demais.

A dança contínua da chuva lavando conceitos pré-definidos, tornando-nos ao barro, misturando naturezas e fazendo-as erráticas ante a realidade perturbadora da escuridão de cada amanhecer pintado de sol.

Nos vemos e nos vamos. Sem palavras, sem adeus, como os dois estranhos que somos intricados demais em nossas próprias canções, tendo nossos destinos ditados pelo vento. Nosso lugar não é aqui. Somos ciganos, vivemos para o mundo, não para nós mesmos, nem para os outros. Outro dia quem sabe, nos encontremos em uma nova dança. Mas o futuro é sombrio e nossas resoluções incertas, mudando como as estações e sendo acrescidas de novos e velhos ideais o tempo todo. Fiquemos com a lembrança de olhares e toques e sensações.


- Débs

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