Ao ser tantos múltiplos, passei a existir cada vez menos, virei nada, perdi essência. Enredei-me em intermináveis desventuras, despenquei para o vale da desesperança. A vida tornou-se enganosa e engenhosa, os planos uma perda de tempo, a felicidade virou algo a que eu não tinha direito.
Mas algo, então, mudou. Algo floresceu e clareou. Uma epifania tardia de gosto amargo, difícil de engolir. Viver não deveria significar colocar a vontades alheias em primeiro plano. Afinal, todos nós temos o mesmo valor, todos precisamos ser amados, precisamos amar-nos primeiro.
Dizer que me senti leve ante essa descoberta seria mentir. A verdade é que nunca o peso do mundo fora tão difícil de sustentar. Viver para si mesmo é trabalhoso. Trilhar seu próprio destino ao invés de viver o dos outros nunca me pareceu tão desafiador. Sempre tive medo de perder-me por amar demais o outro. Agora tenho medo de não encontrar-me por nunca ter me amado o suficiente.
- Débs
Nenhum comentário:
Postar um comentário